O Sr. Sismeiros entendeu, ser
certo e para ele necessário, assoalhar as maravalhas que lhe sufocaram o
intelecto (será que tem?), tacando para mim o que a si mesmo se aplica. Mirou
um espelho e no reflexo imaginou outrem.
A cabotinice entra e é usada por
quem, no seu meio, nos seus ambientes de convivência, em família ou em
colectivo associado, carece do uso da hipocrisia, do cinismo e da mentira para
manter posição, de destaque ou que julga de, ou para colher vantagem. Quando
não é “cambotinice”, no sentido de formar espécies de cambos (vulgo cambões)
que tiveram marco colaborador em certos locais e circunstâncias. E terá sido
por isso que deixou sem resposta o que era o vero objecto do meu escrito que
quis replicar, mas não foi capaz. O alvo base era a emissão de ingressos
(pulseiras / bilhetes individuais) e o possível e necessário controlo da sua
produção e sua distribuição de molde a que no esmifrado contribuinte geral
fique a certeza de que, sobre os ingressos vendidos (mesmo sobre os oferecidos)
é liquidado o respectivo imposto, IVA a 13%. Esse era o tema, porquanto aqui se
pode aplicar o dito de que “cesteiro que faz um cesto, faz um cento”. E todos
sabem o que aconteceu com as tabernas (associações) e tendas (alimentação,
bebidas, doçarias, quinquilharias, artesanato, marroquinarias, etc).
Sabe quem
quer e não quer sentir vergonha de não saber tendo a obrigação de mais do que
saber, que esses negócios não cabem no nº. 20 do art. 9º. do CIVA. Já agora
pode ser lembrado que a questão da (não) isenção tinha sido colocada à DFA há
anos. E também se ficou sabendo, Sismeiros dixit, que, só pelo simples facto da
tributação, os preços tiveram que ser aumentados. Quantos aumentos houve,
anterior e posteriormente, sem que houvesse qualquer intervenção da
fiscalidade. Houve, sim, o gosto pelo lucro sobre uma actividade que era
suposto ser dispersão de cultura e passou a ser, sobretudo, negócio (im)puro.
Para que conste e fique registado.
Não ficou considerado, ou sequer insinuado, no meu texto primeiro, nem fica
considerado agora, que as organizadoras da Feira sejam “um bando de marginais”
– o ora respondido é que assim se apelidou e lá saberá porquê – mas lá que foi
usada trapacice para dar a volta aos impostos, isso foi. Até acho que deveria
haver reposição retroactiva relativamente ao que não estivesse prescrito.
Parece não haver dúvida de que a
Câmara é dona de todo o palco, de todo o recinto (ano a ano aumentado) e, como
accionista único da Feira Viva, é dona do equipamento – frentes das tabernas e
das tendas e ainda das mesas e bancos adstritos às tabernas. E, ao que fui
feito ciente, a Federação também é dona de algo, razão base da sua inclusão na
organização do evento. Foi-me dito e
estanquei a duvidar do caracol do meu ouvido, que era pessoa não da proximidade
das partes, que a Federação era dona da marca VIAGEM MEDIEVAL e, como assim,
pode fazer as suas exigências a que há quem chame chantagem. De que a Câmara e
a Feira Viva facilmente se poderiam libertar, dispensando a marca e adoptando a
designação FEIRA MEDIEVAL, designação bem mais ligada à realidade do evento.
Trata-se de uma feira / festa que, tentando reproduzir o que seria na época
medieva, “viaja” de reinado para reinado, sendo que quase nada mudava in illo
tempore de rei para rei, além de mais uma batalha, ou menos uma tomada de uma
fortaleza à moirama. Como nada, ou quase, muda na programação da Feira. A
criação e a inovação não se notam, afinal, de ano para ano, donde a parte da Federação
na organização não irá além de receber candidaturas, abrir envelopes, receber
cheques e fazer um sorteio – até me disseram que seria o arremedo de – e depois
a facturação. Assim ao jeito de uma agência de contribuintes.
Fui acusado expressamente de ter
insultado as associações, só porque era, e é, meu entendimento que o contributo
da Federação para o estudo, concepção e mise-en-marche do evento é mínimo,
senão mesmo nulo, para além de, via associações, ceder alguns elementos para
figurantes para animar a “romaria” (termo debitado pelo respondido que não por
mim). Respeito muito as associações, umas mais do que outras, claro, e
reconhedço o esforço que, algumas, fazem para se manter vivas. Gostaria, pois,
de ver onde o Sr. Sismeiros viu que eu tenha sugerido “de forma depreciativa
que a Feira Medieval se transformou numa romaria”. O meu professor da primária
ensinou-me a ler bastante bem, ao passo que o respondido é que bolsou uma
catrefada de vómitos insultuosos, em vários parágrafos do texto. Dir-lhe-ei,
para terminar, que até poderei ter nascido torto, mas a mim, desde bem pequeno,
senti a educação paterna e materna, colhi o ensinamento do meu professor da
primária, tive educação rígida no tempo de estudo post primária e estudei p’ra
caramba para entrar no mercado de trabalho e, com todas as vicissitudes da
vida, lá me fui endireitando. Se nasci torto, de certeza me endireitei. Ao
passo que outros, provavelmente tendo nascido direitos, entortaram até ficar
como um arrocho. Tortos, tortos, tortos…
José Pinto da Silva