quinta-feira, 12 de julho de 2018

MAIS INCONGRUÊNCIAS



O Sr. Sismeiros entendeu, ser certo e para ele necessário, assoalhar as maravalhas que lhe sufocaram o intelecto (será que tem?), tacando para mim o que a si mesmo se aplica. Mirou um espelho e no reflexo imaginou outrem.
A cabotinice entra e é usada por quem, no seu meio, nos seus ambientes de convivência, em família ou em colectivo associado, carece do uso da hipocrisia, do cinismo e da mentira para manter posição, de destaque ou que julga de, ou para colher vantagem. Quando não é “cambotinice”, no sentido de formar espécies de cambos (vulgo cambões) que tiveram marco colaborador em certos locais e circunstâncias. E terá sido por isso que deixou sem resposta o que era o vero objecto do meu escrito que quis replicar, mas não foi capaz. O alvo base era a emissão de ingressos (pulseiras / bilhetes individuais) e o possível e necessário controlo da sua produção e sua distribuição de molde a que no esmifrado contribuinte geral fique a certeza de que, sobre os ingressos vendidos (mesmo sobre os oferecidos) é liquidado o respectivo imposto, IVA a 13%. Esse era o tema, porquanto aqui se pode aplicar o dito de que “cesteiro que faz um cesto, faz um cento”. E todos sabem o que aconteceu com as tabernas (associações) e tendas (alimentação, bebidas, doçarias, quinquilharias, artesanato, marroquinarias, etc). 

Sabe quem quer e não quer sentir vergonha de não saber tendo a obrigação de mais do que saber, que esses negócios não cabem no nº. 20 do art. 9º. do CIVA. Já agora pode ser lembrado que a questão da (não) isenção tinha sido colocada à DFA há anos. E também se ficou sabendo, Sismeiros dixit, que, só pelo simples facto da tributação, os preços tiveram que ser aumentados. Quantos aumentos houve, anterior e posteriormente, sem que houvesse qualquer intervenção da fiscalidade. Houve, sim, o gosto pelo lucro sobre uma actividade que era suposto ser dispersão de cultura e passou a ser, sobretudo, negócio (im)puro.

Para que conste e fique registado. Não ficou considerado, ou sequer insinuado, no meu texto primeiro, nem fica considerado agora, que as organizadoras da Feira sejam “um bando de marginais” – o ora respondido é que assim se apelidou e lá saberá porquê – mas lá que foi usada trapacice para dar a volta aos impostos, isso foi. Até acho que deveria haver reposição retroactiva relativamente ao que não estivesse prescrito.

Parece não haver dúvida de que a Câmara é dona de todo o palco, de todo o recinto (ano a ano aumentado) e, como accionista único da Feira Viva, é dona do equipamento – frentes das tabernas e das tendas e ainda das mesas e bancos adstritos às tabernas. E, ao que fui feito ciente, a Federação também é dona de algo, razão base da sua inclusão na organização do evento.  Foi-me dito e estanquei a duvidar do caracol do meu ouvido, que era pessoa não da proximidade das partes, que a Federação era dona da marca VIAGEM MEDIEVAL e, como assim, pode fazer as suas exigências a que há quem chame chantagem. De que a Câmara e a Feira Viva facilmente se poderiam libertar, dispensando a marca e adoptando a designação FEIRA MEDIEVAL, designação bem mais ligada à realidade do evento. Trata-se de uma feira / festa que, tentando reproduzir o que seria na época medieva, “viaja” de reinado para reinado, sendo que quase nada mudava in illo tempore de rei para rei, além de mais uma batalha, ou menos uma tomada de uma fortaleza à moirama. Como nada, ou quase, muda na programação da Feira. A criação e a inovação não se notam, afinal, de ano para ano, donde a parte da Federação na organização não irá além de receber candidaturas, abrir envelopes, receber cheques e fazer um sorteio – até me disseram que seria o arremedo de – e depois a facturação. Assim ao jeito de uma agência de contribuintes.

Fui acusado expressamente de ter insultado as associações, só porque era, e é, meu entendimento que o contributo da Federação para o estudo, concepção e mise-en-marche do evento é mínimo, senão mesmo nulo, para além de, via associações, ceder alguns elementos para figurantes para animar a “romaria” (termo debitado pelo respondido que não por mim). Respeito muito as associações, umas mais do que outras, claro, e reconhedço o esforço que, algumas, fazem para se manter vivas. Gostaria, pois, de ver onde o Sr. Sismeiros viu que eu tenha sugerido “de forma depreciativa que a Feira Medieval se transformou numa romaria”. O meu professor da primária ensinou-me a ler bastante bem, ao passo que o respondido é que bolsou uma catrefada de vómitos insultuosos, em vários parágrafos do texto. Dir-lhe-ei, para terminar, que até poderei ter nascido torto, mas a mim, desde bem pequeno, senti a educação paterna e materna, colhi o ensinamento do meu professor da primária, tive educação rígida no tempo de estudo post primária e estudei p’ra caramba para entrar no mercado de trabalho e, com todas as vicissitudes da vida, lá me fui endireitando. Se nasci torto, de certeza me endireitei. Ao passo que outros, provavelmente tendo nascido direitos, entortaram até ficar como um arrocho. Tortos, tortos, tortos…

José Pinto da Silva

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