sábado, 24 de abril de 2010

O Passeio dos Alegres

Categoria - Política
A vida de Sócrates não pode ser fácil. Ele até pode contribuir de forma bastante significativa para isso, mas há todo um rol de razões adicionais que, e tudo misturadinho na Bimby da política, acicatam o putativo mau feitio do PM.
Eu gosto de Manuel Alegre. Qualquer pessoa que tenha paixão pela Foz do Arelho tem um lugarzinho no meu coração. Acresce que Alegre tem um ar simpático, e culto (ó suprema excepção) e, apesar de nem sempre ter razão, é um rebelde que expressa as suas opiniões sejam elas quais sejam. Pode ser golpe interesseiro mas não deixa de ser refrescante e incita a reflexão.
Posto isto, que fará o PS em relação a Alegre? Estar a discutir presidenciais a esta distância é perda de tempo e dispersão de esforço mas entremos no jogo da "politicazinha" e façamos o exercício.
Apoiar Alegre é ter uma lata descomunal perante o eleitorado, depois da candidatura ter sido renegada nas ultimas eleições e o camarada Alegre ter sido alvo de cara de poucos amigos.
Não apoiar, implica 1. Desprezar o movimento que Alegre conseguiu mobilizar e não capitalizar os votos que ele angariou; 2. encontrar nas filas partidárias, ou nos independentes, uma alternativa; 3. Levar com a candidatura de Happy Manny, novamente, e esperar para ver o que desta embrulhada resulta, com canibalização de votos à esquerda.
Deixar o tema marinar também não e daquelas opções brilhantes.
Se Sócrates não der grande importância a Alegre, apoiando-o mas de levezinho, resignado e com ar de frete, vai levar com o boomerang à força, tendo que digerir acusações de que contribuiu para a eleição de Cavaco.
Se o apoiar, à laia de mais vale mantê-lo próximo do que tê-lo a melgar o juízo, não terá de qualquer modo descanso. Alegre não é rapaz para estar calado quando o assunto não lhe agrada, doa a quem doer.
Alegre posicionou-se, por sorte, astúcia ou estratégia, de uma forma tal que, independentemente dos resultados e dos desfechos, uma coisa é certinha: vai dar cabo da paciência a Sócrates. E fazer-lhe mais cabelos brancos.
Marta Rebelo (ex-deputada PS)
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