terça-feira, 13 de abril de 2010

Ser Solidário

A ex-deputada do PS, Marta Rebelo, escreveu um texto com verdades como punhos, a pretexto das pequenas/grandes vaidades que ornam, ou desfeiam, alguns dos dirigentes médio/grandes, que mostram, à mistura com o discurso da democracia e da unidade, aquela sede íntima de atingir o poder, o sítio dele, mesmo que tenham que pôr um camarada a servir de degrau. Uns que outros, com dente afiado apontado ao lombo de Sócrates, na espera de que vá sendo ferido (de morte) pela rede de “túneis” escavados em torno de si e rezando a todos os santos para que o PR, a qualquer pretexto, dissolva o Parlamento. Outros, salivando, atiram fatechas de “amor” ao colete do que entendem poder vir a ser chefe. Como diz Marta Rebelo, pensa-se muito pouco em democracia e muito mais no poder e nas escadas, ou ascensores, para lá chegar.
Marta Rebelo critica abertamente vários camaradas (e cita os nomes), supostamente amigos e apoiantes, a propósito da descarada falta de apoio e solidariedade do partido ao primeiro-ministro nesta onda de ataques soezes da comunicação social, descarada caixa de ressonância dos partidos da oposição, e reporta as declarações de querença que o partido manifeste querer o Manuel Alegre como candidato oficial a PR. Ele próprio (M.A.) a largar fogo pelas ventas tentando forçar a decisão/declaração que é tida como inevitável, mas que vai ser tardia e de efeito bem reduzido. Para os desígnios do candidato poeta.
Falta de apoio, pois, ao secretário-geral por banda de certas figuras que, como cucos, apanharam alguns normativos do PEC e o caso de algumas remunerações pingues de alguns gestores públicos para, de forma homiziada, dispararem setas envenenadas ao governo e ao primeiro-ministro.
Por cá, no rés-do-chão da política partidária socialista, passa-se algo de similar. Mutatis mutandis e pondo os factos e as pessoas nas respectivas proporções. Vimos que foi preocupação da Marta Rebelo notar a não postura, por alguns notáveis, de um escudo à roda de Sócrates nesta fase de autêntico vilipêndio. Lembremo-nos da litigância entre Sócrates e Cavaco por causa e culpa de Carlos César e do estapafúrdio estatuto dos Açores. Repare-se no seu posicionamento agora. Até se diz que quer vir p´ro continente. P’ra lhe tomar o lugar? P’ra fazer política por cá? Sonhará ser cá poder?
Sabemos, todos sabem, que Alcides Branco, então ilustre desconhecido e ignorado, enquanto (não) envolvido nos meandros da política, entrou nas lides pelo braço e ao colo do José Mota e tudo começou à roda dos bombeiros. Não vou detalhar o início nem vou esmiuçar o que veio de seguida, como a nomeação de mandatário da candidatura de Jorge Sampaio, à revelia e a contragosto da CPC da Feira de então, a tentativa de ser indicado como candidato independente, em representação do PS, à Câmara, em 2001, o amuo subsequente e a candidatura, como independente CONTRA o PS, nesse ano, a nomeação como mandatário da candidatura PS às europeias, em 2004, a maior sabujice politico/partidária que poderia ter sido cometida, porque significou uma premiação da traição de 2001 (Roma pagou ao traidor), a tentativa de, já como militante, ser designado candidato PS à Câmara, por contraposição ao Manuel Strecht (claro que com Mota por trás, claro que homiziado noutra personagem), a sua entrada nos órgãos distritais do partido, a tomada da secção da Feira e depois a Comissão Concelhia, sempre tendo em vista a candidatura à Câmara, como que veio a suceder em 2009. E, como retomou a Comissão Política, cargo para que, só ele o não sentirá, não está nem estará nunca vocacionado. Por feitio, por (falta de) carisma, por (falta de) capacidade de intervenção. No campo meramente político. Vai servir, de certeza quase segura para estribar uma próxima futura candidatura à Câmara em 2013. De resto, o responsável pela sua designação como mandatário em 2004, seu apoiante de sempre, blasonou-me, ao jeito de língua de fora, “… vais levar com ele de novo nas próximas” e retorqui “está bem, Ana”.
Voltemos à entrada pela mão e ao colo e à atrelagem ao cambão do Mota e à preocupação da Marta Rebelo.
O Zé Mota, agora Governador Civil de Aveiro, e sem curar de me dar conta se mereceu a nomeação, ou não, se está a fazer um bom mandato, ou não – eu espero e desejo que tenha o maior sucesso possível no desempenho da função – tem sido alvo de uma porca campanha a propósito de uma inquirição a que foi sujeito, a um mandado de busca a sua casa e à Câmara de Espinho onde se sentou durante 16 anos. O certo é que, na mesma altura, houve buscas em mais seis Câmaras e a seis presidentes de Câmara, por razões e indícios similares e só o nome do Zé Mota apareceu nos jornais e nas televisões, com retrato e tudo, situação de que muito dificilmente se limpará, mesmo que todos os tribunais o despronunciem e absolvam se for pronunciado. Posso dizer que foi absolutamente sacaneado e tê-lo-á sido só porque é do PS e porque deixou muita gente de fora e de dentro do partido com uma azia desgraçada, não curável com bicarbonato de sódio, por ele ter sido nomeado. Não vou, nem tenho que, classificar a nomeação, se foi um prémio pela perda, ou se foi um castigo pela militância de 35 anos. O facto é que está a ser vilipendiado e não vejo nenhum dos amigos, nem mesmo quem por ele foi mais do que apoiado, foi protegido e catapultado para poiso para que não tem estaleca, nem mesmo esse tomou uma posição PÚBLICA de solidariedade para com o político, para com o amigo. Com amigos destes, bem pode o Mota esquecer os inimigos. Eu nunca fui apoiante do Zé Mota nas suas lutas políticas internas, mas nada me custa, agora, e como quando ele andou anos e anos a ser acusado, a ser posto na lama do vilipêndio a quando do caso dos sindicatos, litigância de que foi TOTALMENTE absolvido, para enorme desgosto do sabujo que, cuspindo no prato, o empurrou para a barra, nada me custa dizer ao Mota que entendo que anda uma campanha suja contra ele e que o considero como ele é, indiciado de qualquer coisa, mas não acusado. E, supremo lema de país onde impera a decisão do tribunal, é INOCENTE enquanto não for declarado culpado em sentença transitada.
Eu, em circunstâncias que tais, teria dito publicamente que estava solidário com o Mota e que o considero inocente.

José Pinto da Silva
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