domingo, 18 de dezembro de 2011

SAÚDE (ADOECIDA) 24

No programa PRÓS e CONTRAS de 5/12, uma senhora (não captei o nome nem a função) que estava ao lado do ex-ministro Correia de Campos disse que o Serviço SAÚDE 24 (800242424) funcionava muito bem e aconselhou os cidadãos a contactar esse serviço de triagem antes de ir à procura de cuidados de saúde urgentes.
Que esse serviço cuida de efectuar uma triagem e de encaminhar o doente para o melhor atendimento, em função de cada caso.
Pode ter funcionado bem nalguma altura, d'antes. Agora não funciona mesmo e é mesmo uma trapaça.

No dia 13/11, ocorrendo-me um surto de febre alta, persistente e resistente ao anti-pirético, era, para mim, instintivo que estaria com uma qualquer infecção, que poderia ser pulmonar, dada a fragilidade provocada pela DPOC de que sou portador. Era domingo, por cerca das 11,00 horas. Telefonei para a tal SAÚDE 24. Pediram-me a identificação total (nº. fiscal e tudo) e durante cerca de 15 minutos contei toda a minha história clínica.
Concluiu, quem me atendeu (uma senhora) que, num prazo de 10 horas eu deveria ser visto por um médico. Logo disse que sim e sugeri a ida à urgência do S. Sebastião, por ser o mais próximo, ao que ela ripostou que não poderia aconselhar a ida a urgência hospitalar, mas que entendia que eu poderia ir ao Centro de Saúde de Espinho, que estava nesse dia aberto. Fiquei intrigado com a sugestão, mas disse que sim, que iria a Espinho e que dentro de três/quatro horas lá estaria.
E lá fui. Cerca das 15 horas entrei na USF de Espinho e em poucos minutos fui chamado por um médico superiormente atencioso. Contei-lhe que para ali fora encaminhado pela SAÚDE 24 e relatei o meu historial clínico. Foi ver se tinha chegado um fax a referir a minha visita marcada e nada tinha vindo ainda.
A reacção do médico foi a de verberar com alguma violência a atitude de quem, perante um estado febril persistente em pessoa com DPOC, encaminhou o paciente para um consulta aberta em USF, sabendo que estas Unidades de Saúde não dispõem de Raio X, nem de qualquer outro meio auxiliar de diagnóstico. Desabafou com “é parva essa fulana”. Ela tinha que saber que haveria uma infecção e que era preciso Raio X para detectar.
Auscultou-me cuidadosamente e disse a culminar. Vou prescrever-lhe um antibiótico fortezinho que procure e mate essa infecção onde quer que esteja e tome já hoje o primeiro comprimido. Tome cuidado consigo. Seguiu-se uma semana inteira de quarentena, sem mesmo sair de casa e a infecção assustou-se e desapareceu.

Melhorada a situação, encontrei-me com um pequeno grupo de enfermeiros a quem contei todo o episódio, nomeadamente a crítica do médico da USF à atendedora da Saúde 24. Reagiu um enfermeiro que conhecia por dentro o Call Center da SAÚDE 24, dizendo que a atendedor fez o que devia, para salvaguardar o seu emprego. Que estão impedidos de encaminhar doentes para as Urgências Hospitalares. Se o tivesse feito, como tudo fica gravado, pelo controlo de horários e nomes saberiam quem atendeu e que não haveria mé nem meio mé, seria dispensada. É orientação superior. Oxalá não comecem a mandar os doentes à bruxa. Digo eu.

José Pinto da Silva
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