NÃO HÁ PRESCRIÇÕES?
Tem revelado a
imprensa, a grande e toda a outra, que os Serviços da Segurança Social, para
além de, agora, condicionarem, de modo catador, o acesso a prestações sociais,
mesmo às mais parcas, malgrado a miséria em que têm caído milhares de famílias,
por análise muito (demasiado?) restritiva dos processos de candidatura, têm,
nos últimos meses mandado dezenas de milhar de cartas a reclamar de
beneficiários a devolução de prestações (supostamente) recebidas indevidamente,
seja de RMG, Abono de Família, desemprego, ou outros. Diz-se, com lamento de
uns e regozijo de outros, que estão agora a ver com olhos de lince os processos
que estariam há muito nos arquivos mortos das repartições, com o fito de, a
todo o custo, aumentarem as receitas exauridas da S. Social.
Chegamos à
vista de dois casos de insistência de catação de verbas processadas e recebidas
há mais de 10 anos e, naturalmente, os intimados atiraram-se ao ar alegando,
por um lado, que os seus processos de candidatura foram feiamente escrutinados
e, por fim, deferidos e, por outro, porque, tanto tempo passado, as situações
pessoais e familiares alteraram-se enormemente, aumentaram as carências
agravadas pela idade, os gastos de sobrevivência são bem maiores e não lhes é
dito com clareza, quais as razões por que, naquela altura, perderam jus à
prestação. Depois reclamam verbas (supostamente) erradamente processadas
durante anos, sem que os serviços se tenham apercebido do erro, durante meses e
meses, e não avisando em bom tempo os beneficiários. Em que se suportaram para
concluírem que, a partir de certa altura, já não mereciam o apoio? E ao fim de
tantos anos, 10 e mais, tais débitos não prescrevem? E onde vão buscar, nalguns
casos milhares de euros, para devolver? É que as reformas continuam na casa dos
€ 300,00 e, visto isso, não se vê margem para aumento.
José Pinto da Silva