EX PRESIDENTE DA JUNTA DA AFURADA
António
Morais, presidente durante 27 anos da Junta da Afurada, Gaia, está, desde
ontem, a cumprir a pena de prisão a que foi condenado por desviar dinheiro da
autarquia.
De 63 anos, é
vendedor de peixe no mercado de Gaia, o autarca vai cumprir quatro anos e seis
meses na cadeia de Santa Cruz do Bispo, Matosinhos, onde se apresentou sem ser
detido pelas autoridades policiais.
A condenação
de António Morais Oliveira por crime de peculato foi confirmada pelo Tribunal
da Relação do Porto, tendo sido suspensa com a condição de pagar os 77 mil
euros subtraídos dos cofres da Junta, ao longo de dois anos. Considera-se, por
isso, o “bode expiatório” da classe política.
O condenado
deixou a autarquia em 2006, pouco após ter sido descoberto o desfalque, que se
destinou a cobrir dificuldades no seu negócio familiar. Parte do dinheiro,
nunca devolvido, era de subsídios da Câmara de Gaia para as Festas de São Pedro
da Afurada. (JN 10 Julho 2012)
Colhida esta
notícia no “Notícias” e que parece importante divulgar, porque sentimos que
muita gente acha que os autarcas, em termos muito gerais, podem sacar o que
muito bem entendem e que nunca lhes acontecerá coisa nenhuma. É claro que só
uma pequena percentagem de faltosos têm sido, são e serão apanhados, julgados e
condenados, mas é pedagógico que estes casos se divulguem para dissuadir os que
se tentem e impelir todos a que sejam bem claros na sua apresentação de contas
e não deixem dúvidas perante as questões que, eventualmente, lhes sejam colocadas
com vista ao cabal esclarecimento. Porque se sabe que, em muitos casos, além do
ensaque de subsídios, como o da Afurada, há os que recebem bónus por jeitos
muitas vezes não apercebidos do comum dos cidadãos (um parecer favorável para a
construção, demolição ou alienação de um qualquer património, por ex.), há os
que se conluiam com empreiteiros para cedência de comissões. Enfim. Todos os
dias aparecem insinuações dessas. Os cidadãos praticam acto de cidadania se, em
caso de suspeita, alertarem para as situações de suspeição.
José Pinto da Silva