ORIGEM DE ALGUNS TOPÓNIMOS DE
S. JORGE
Quem teve oportunidade de escutar a conferência do Prof. Doutor Eugénio
Santos na sessão solene do dia da inauguração do monumento ao padroeiro da
freguesia (S. Jorge), apercebeu-se que, já quase no final, referiu-se a
Casaldoído e à origem de tal nome atribuído àquele lugar. Muita gente pensava
que o nome poderia ter algo a ver com “dor”, “dorido”. Mas não. Dizem os
historiadores que aquele lugar terá constituído, em tempos imemoriais, uma
propriedade de uma família árabe que se chamaria HOLITI. Seria então Casal
HOLITI que com a evolução da língua deu em Casaldoído.
No que respeita a CANDAÍDOS, a investigação do Prof. Eugénio verificou
que será antes CANDEÍDOS e que este nome seria o de um antigo deus ou génio
adorado por cá e que terá havido um santuário algures por ali no lugar. O que
chamaríamos Candeídos seria o espaço que vai agora desde a Ponte com o mesmo
nome e que termina no limite da freguesia que será, segundo os dados colhidos,
algures entre a estrada de Azevedo e a cabine eléctrica. Um documento escrito
pelo punho do Padre José Inácio diz que
a Pensão Silva foi construída nos Candeídos (ele escreveu Candaídos).
Ficam a seguir as anotações coligidas pelo Prof. Eugénio.
Candeídos, lugar da
freguesia de S. Jorge. O topónimo tem todos os aspectos de um nome celta… Bem
pode ser que o nosso Candeídos seja um antigo deus ou génio local e que o seu
santuário fosse no monte que tem hoje essa designação. Cf. Arlindo de Sousa, Antiguidades
do Concelho da Feira, Lancóbriga. Coimbra, 1968, p. 40
Casaldoído
E o mesmo sucedeu com Casaldoído. Depois de enumerar múltiplos casos
aduzidos como idênticos, o nosso perito na onomástica portuguesa inclinou-se
para a tese de que se trate de um nome pessoal, também germânico (Casal de
VLIDI / OLIDI ou HOLITI), isto é, terra da família HOLITI, nome que terá sido
transmitido pelos árabes e depois por moçárabes e mudéjares e que foi mantido
posteriormente pelos cristãos, como sucedeu na zona feirense, no norte de
Portugal e na Galiza”[1]. Que poderemos nós
retirar destes escritos do sapientíssimo filólogo, perito em onomástica? Que
estas terras da zona da Feira conservaram algumas marcas fortes dos períodos
anteriores à formação da nacionalidade, as quais não terão sido ignoradas na posterior
delimitação do território das várias freguesias.
[1] A este propósito, apraz-me recordar que os meus
maiores (avô e pai) recordavam que a casa velha e antiga onde eles moravam e eu
e os meus irmãos nascemos e outra ao lado, de familiares seus, era conhecida
como a Casa dos Mouros.
José Pinto da Silva