domingo, 15 de julho de 2012


ORIGEM DE ALGUNS TOPÓNIMOS DE
S. JORGE

Quem teve oportunidade de escutar a conferência do Prof. Doutor Eugénio Santos na sessão solene do dia da inauguração do monumento ao padroeiro da freguesia (S. Jorge), apercebeu-se que, já quase no final, referiu-se a Casaldoído e à origem de tal nome atribuído àquele lugar. Muita gente pensava que o nome poderia ter algo a ver com “dor”, “dorido”. Mas não. Dizem os historiadores que aquele lugar terá constituído, em tempos imemoriais, uma propriedade de uma família árabe que se chamaria HOLITI. Seria então Casal HOLITI que com a evolução da língua deu em Casaldoído.
No que respeita a CANDAÍDOS, a investigação do Prof. Eugénio verificou que será antes CANDEÍDOS e que este nome seria o de um antigo deus ou génio adorado por cá e que terá havido um santuário algures por ali no lugar. O que chamaríamos Candeídos seria o espaço que vai agora desde a Ponte com o mesmo nome e que termina no limite da freguesia que será, segundo os dados colhidos, algures entre a estrada de Azevedo e a cabine eléctrica. Um documento escrito pelo punho do Padre José Inácio diz que  a Pensão Silva foi construída nos Candeídos (ele escreveu Candaídos).
Ficam a seguir as anotações coligidas pelo Prof. Eugénio.

Candeídos, lugar da freguesia de S. Jorge. O topónimo tem todos os aspectos de um nome celta… Bem pode ser que o nosso Candeídos seja um antigo deus ou génio local e que o seu santuário fosse no monte que tem hoje essa designação. Cf. Arlindo de Sousa, Antiguidades do Concelho da Feira, Lancóbriga. Coimbra, 1968, p. 40

Casaldoído     
E o mesmo sucedeu com Casaldoído. Depois de enumerar múltiplos casos aduzidos como idênticos, o nosso perito na onomástica portuguesa inclinou-se para a tese de que se trate de um nome pessoal, também germânico (Casal de VLIDI / OLIDI ou HOLITI), isto é, terra da família HOLITI, nome que terá sido transmitido pelos árabes e depois por moçárabes e mudéjares e que foi mantido posteriormente pelos cristãos, como sucedeu na zona feirense, no norte de Portugal e na Galiza”[1]. Que poderemos nós retirar destes escritos do sapientíssimo filólogo, perito em onomástica? Que estas terras da zona da Feira conservaram algumas marcas fortes dos períodos anteriores à formação da nacionalidade, as quais não terão sido ignoradas na posterior delimitação do território das várias freguesias.
[1] A este propósito, apraz-me recordar que os meus maiores (avô e pai) recordavam que a casa velha e antiga onde eles moravam e eu e os meus irmãos nascemos e outra ao lado, de familiares seus, era conhecida como a Casa dos Mouros.


José Pinto da Silva




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