R.A.T.A. 23 Julho 2012
(Reorganização Administrativa
Territorial Autárquica)
A Câmara da
Feira, ao invés de outras, de outros municípios, e mesmo fugindo do sentimento
expresso pela ANMP (associação nacional dos municípios portugueses), cujo
presidente, Fernando Ruas, declarou não estar a Associação disponível para
integrar a Unidade Técnica, a entidade que, se fosse avante a estapafúrdia
ideia, pegaria na régua e no esquadro e, sem conhecer coisa nenhuma, alinharia
o território a seu bel prazer. Outro tanto fez a ANAFRE (associação das
freguesias). Ambas estas representantes nacionais das autarquias estão de
costas para o anunciado projecto de redução de freguesias, projecto descabido e
irrealizável, se não houver conversações sérias, prolongadas e detalhadas com
todos os envolvidos para análise segura e convincente das vantagens e dos danos
e para que seja medida/pesada a vontade e decisão das populações de cada
unidade a desaparecer, ou a ficar maior.
A Câmara da
Feira elegeu o objectivo de aglutinar, fazer desaparecer, 10 freguesias e
avançou com uma proposta, ou sugestão. E, desde que o concelho fique com 21 (ou
menos), fica o presidente ledo e feliz, sem mesmo olhar a se as populações, e
mesmo os seus representantes, estão abertos a alinhar na obediência vendada aos
ditames lá do sul/litoral central e centralizador.
Muitos
concelhos já comunicaram que é sua opção deixar tudo como está, deixar o que e
como foi legado pelos seus maiores e ficam a desafiar a coragem/lata da U.T. de
executar servilmente o desígnio do (quase) doutor Relvas que todos pensam que
já não vai estar lá para ver o enterro da ideia. Terá gasto comissões de estudo
e comissões de comissionistas. O Porto já disse que lá para Setembro pensaria
numa decisão e Viana do Castelo (40 freguesias) diz que não propõe nada. Como
Barcelos e tantas, tantas outras. Não se excluindo do processo as declarações
absolutamente contundentes de figuras carismáticas da área do PSD.
Assumiram tais
autarquias, ponderadamente, que aos autarcas eleitos, municipais ou locais, não
foi dado pelas populações mandato para extinguir ou assimilar povoações com
vida e história próprias desde há tempo incontável. Nem mesmo para sugerir ou
seguir, por omissão ou expressamente, sugestão/proposta de outrem, por
convicção ou por obediência imponderada ao senhor do trono seguinte. As
freguesias às Câmaras e estas ao poder central. Se teimarem em alterar algo sem
consulta directa ao povo, assumirão por inteiro as respectivas consequências.
No caso
particular de Caldas de S. Jorge, a Assembleia de Freguesia reunida em 23 de
Dezembro 2011 deliberou, e bem, com voto unânime, não aceitar agregação
qualquer que ela fosse e com qual ou quais outras freguesias. Que tudo ficasse
como sempre foi e, a assim não ser, a responsabilidade caberia sempre a outrem.
Engolindo o que então se disse e se determinou, a mesma Assembleia, em Junho
último, deu a volta ao texto e votou que não queria aglutinação, mas que se
tivesse que ser, aceitaria a proposta da Câmara da Feira, mesmo ninguém tendo
ideia se as outras freguesias aceitariam a mesma proposta. E sabe-se que há por
lá pontos de vista divergentes. No entretanto, depois de instigar àquela
decisão, o presidente da Junta declarou ao CF que se trata de “um processo
delicado” que “no fundo nenhuma freguesia quer agregar-se” e lamenta que as
freguesias venham “a perder a sua identidade” e mesmo assim “ordena” que se
vote a solução da Câmara em alternativa. Sem saber se a alternativa é querida
pelos outros. E não sabendo que serviços serão garantidos a cada freguesia e se
serão iguais para todas e “que vai haver ainda muita discussão”. Mas mandou que
se deliberasse.
É meu convencimento
que a lei morrerá, com ou sem Relvas, até porque a Direcção do PS está
manifestamente contra tal projecto e não entrou na U.T., pelo que não pegará na
regra e esquadro, nem ajudará a pegar em tais instrumentos para remarcar o
território. Pena que todas as estruturas, locais, concelhias e distritais não
tenham seguido estritamente tal orientação, recusando integrar comissões
destinadas a apreciar e propor o que quer que seja. Ficaria a total
responsabilidade só para os autores da iniciativa que passariam a sentir
necessidade de, a ter de avançar algo, começar pela agregação de Municípios,
onde, de facto de gasta o dinheiro e a partir donde se poderia poupar e tirar
gorduras. E com elas as empresas municipais. Que comem…!
José Pinto da
Silva