sexta-feira, 24 de julho de 2015

MEMÓRIA ... OU A FALTA DELA


          Em 29 de Janeiro de 2013, em determinado lugar e em determinadas circunstâncias, determinada personalidade política disse, dirigindo-se a outra com quem teve algumas divergências políticas, mais conjunturais do que de princípios, mais ou menos o que segue: "... não há partido nenhum que não saiba viver a integralidade da sua história (...) nós temos de saber viver com a integralidade da nossa história. E não venham có com SOCRÁTICOS ou meio SOCRÁTICOS, porque daqui a uns anos seremos todos tão socráticos como hoje somos soaristas, sampaistas ou guterristas e todos esses istas que no passado nos dividiram (...) mas que estamos cá todos para as boas e as más horas..."
          Pois o que agora se verifica é que estamos a pôr totalmente de lado, vergonhosamente envergonhados, a tal integralidade e a sanear da história, diria estalinisticamente, a imagem de um drigente, governante, que, porque foi preso, está a ser tratado dentro do seu partido, como se tivesse sido condenado das faltas em que o indiciaram. Até que, porventura, se admita que JOSÉ SÓCRATES possa ser condenado, a integralidade da história do PS tem que registar as coisas boas que fez ao país (e se queremos história inteira, enfatize-se o que fez de errado) e tem que registar as vitórias que carreou para o partido. Dificilmente outro líder aparecerá que aporte as alegrias que Sócrates deu ao PS. 
          Como tinha dito antes, ao tempo do anterior Secretário Geral, é preciso que a palavra SÓCRATES não queime a língua de quem está circunstancialmente no topo. 
          Espero que haja a coragem, já hoje no debate da Nação, de assumir o passado recente do partido e do governo liderado por SÓCRATES, "berrando" para os verdadeiros destroçadores deste país que foram eles quem trouxe a Troyka, que foram eles, em conivência com o presidente da República, quem empobreceu o país e o povo. Lembrar sem tergiversações o Complemento Solidário, o RSI e lembrar a crise como a causa do endividamento, lembrar as indicações do Barroso para que se investisse, aumentado a dívida, lembrar a crise das dívidas soberanas e lembrar, bem alto, a COLIGAÇÃO vergonhosa entre os extremos do espectro parlamentar da altura, para chumbar o PEC4, já negociado e aprovado pelas instâncias europeias. Não tenham medo de dizer bem alto que outro grande culpado por esta desgraça foi o CAVACO SILVA. Apontar-lhe fortemente o dedo. Sem medo na defesa da integralidade da história do PS. 
Isto é para António Costa que foi quem disse a frase introdutória.

José Pinto da Silva

Comentários
0 Comentários