domingo, 28 de fevereiro de 2016

DESBASTE DE ÁRVORES A PRETEXTAR PODAS




O Arraial de Caldas de S. Jorge é sombreado por uma quantidade de tílias que, além do embelezamento do local e da sombra que proporcionam em tempos de canícula, espalham um odor agradável na altura da floração. Carecem de poda? E em termos gerais, a que se destinam as podas?
Diz o senso comum que em meio florestal, as árvores, como outra vegetação haverão de crescer bravia e naturalmente, sendo intervencionadas se e quando ocorrer abate.
As árvores serão regularmente podadas com o fito de lhes fazer aumentar a produção fruteira e, para isso e para facilitar as colheitas, orientar a ramificação em função do método usado para a colheita: manual a pé, manual com auxílio de alguma ferramenta específica, ou mecânica mais ou menos evoluída. Dizem os técnicos que nunca deve ser usada a moto serra. 
As árvores ditas ornamentais, plantadas em espaços abertos restritos, têm por finalidade primeira embelezar o espaço e produzir sombra abrigadora nos tempos de canícula. Logo a poda, para além de servir para eliminar braços secos ou a ameaçar queda, outros ramos mais tortos ou rebentados mais abaixo no tronco,  apresenta-se útil e mesmo necessária para tornar a copa mais frondosa e mais agradável ao olhar.
É nesta classe que aparecem as tílias e os plátanos, as árvores mais plantadas em arraiais, grandes espaços ajardinados, ou mesmo faixas laterais de ruas e/ou avenidas. Lembrar que as tílias, além do mais, no tempo da floração, exalam um aroma gostoso de cheirar, não deixando de haver quem colha muitas das flores para o celebrizado chá de tília. Estas duas espécies da flora no seu crescimento projectam-se para cima, formando cone, pelo que, para lhes alargar as copas, haverá que lhes decepar as varas centrais. Nos ramos de baixo poder-se-ão cortar uns ou outros para lhes dar formas mais bonitas. Terá muito a ver com a destreza e bom gosto do podador.
Dizem alguns que mesmo p(h)odando-se quase pelo pé, as árvores voltam a rebentar e crescerão de novo. Logo de imediato poupa-se no trabalho de varrimento das folhas após as quedas outonais. Não se pensa é na fragilização das árvores com os desbastes do jeito que fizeram no arraial de Caldas de S. Jorge – noutros locais vê-se a mesma barbaridade – e como já se tem feito nos plátanos do Parque das Termas.
Anda cá o consta-se que a poda(?) agora é entregue para execução a entidades, individuais ou societárias que farão o trabalho pela lenha resultante do desbaste. Custa bastante a crer que se tenha chegado a tamanha barbaridade, mas, pelo resultado, quase se conclui que poderá ser verdade. Se a moda pega, num destes anos, cortam-se as árvores podáveis quase pelo pé para renderem mais lenha.
E fica ainda a intriga de, porque terá sido que alguém dos desbastadores tentou agredir um fotógrafo, na circunstância fotógrafo de profissão, na altura do desbaste no arraial. Deveriam antes ficar vaidosos pela divulgação da arte.

José Pinto da Silva
Foto 1) Desbaste no Arraial S. Jorge

Foto 2) Tília podada no ano anterior, algures
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