O Arraial de
Caldas de S. Jorge é sombreado por uma quantidade de tílias que, além do
embelezamento do local e da sombra que proporcionam em tempos de canícula,
espalham um odor agradável na altura da floração. Carecem de poda? E em termos
gerais, a que se destinam as podas?
Diz o senso
comum que em meio florestal, as árvores, como outra vegetação haverão de
crescer bravia e naturalmente, sendo intervencionadas se e quando ocorrer
abate.
As árvores
serão regularmente podadas com o fito de lhes fazer aumentar a produção
fruteira e, para isso e para facilitar as colheitas, orientar a ramificação em
função do método usado para a colheita: manual a pé, manual com auxílio de
alguma ferramenta específica, ou mecânica mais ou menos evoluída. Dizem os
técnicos que nunca deve ser usada a moto serra.
As árvores
ditas ornamentais, plantadas em espaços abertos restritos, têm por finalidade
primeira embelezar o espaço e produzir sombra abrigadora nos tempos de
canícula. Logo a poda, para além de servir para eliminar braços secos ou a
ameaçar queda, outros ramos mais tortos ou rebentados mais abaixo no
tronco, apresenta-se útil e mesmo
necessária para tornar a copa mais frondosa e mais agradável ao olhar.
É nesta classe
que aparecem as tílias e os plátanos, as árvores mais plantadas em arraiais,
grandes espaços ajardinados, ou mesmo faixas laterais de ruas e/ou avenidas.
Lembrar que as tílias, além do mais, no tempo da floração, exalam um aroma
gostoso de cheirar, não deixando de haver quem colha muitas das flores para o
celebrizado chá de tília. Estas duas espécies da flora no seu crescimento
projectam-se para cima, formando cone, pelo que, para lhes alargar as copas,
haverá que lhes decepar as varas centrais. Nos ramos de baixo poder-se-ão
cortar uns ou outros para lhes dar formas mais bonitas. Terá muito a ver com a
destreza e bom gosto do podador.
Dizem alguns
que mesmo p(h)odando-se quase pelo pé, as árvores voltam a rebentar e crescerão
de novo. Logo de imediato poupa-se no trabalho de varrimento das folhas após as
quedas outonais. Não se pensa é na fragilização das árvores com os desbastes do
jeito que fizeram no arraial de Caldas de S. Jorge – noutros locais vê-se a
mesma barbaridade – e como já se tem feito nos plátanos do Parque das Termas.
Anda cá o
consta-se que a poda(?) agora é entregue para execução a entidades, individuais
ou societárias que farão o trabalho pela lenha resultante do desbaste. Custa
bastante a crer que se tenha chegado a tamanha barbaridade, mas, pelo resultado,
quase se conclui que poderá ser verdade. Se a moda pega, num destes anos,
cortam-se as árvores podáveis quase pelo pé para renderem mais lenha.
E fica ainda a
intriga de, porque terá sido que alguém dos desbastadores tentou agredir um
fotógrafo, na circunstância fotógrafo de profissão, na altura do desbaste no
arraial. Deveriam antes ficar vaidosos pela divulgação da arte.
José Pinto da Silva
Foto
1) Desbaste no Arraial S. Jorge
Foto
2) Tília podada no ano anterior, algures