A que vai
agora sair, ouvido um montão de gente teoricamente afectada pela peça
legislativa, qualquer que seja o tamanho, o feitio e o número de artigos, tenha
a orientação que tiver é a de APROXIMAR OS FERIADOS AOS FINS DE SEMANA. Diz-se
que é para evitar pontes. E eu pergunto se toda essa gente não se pergunta se
qualquer lei a bulir nisso não representa uma inútil inutilidade, ao nível de
alguns ou muitos dos que pululam em muitos círculos e gabinetes. Excepto,
claro, para os autores.
Com certeza
toda aquela gente envolvida sabe que, em muitas circunstâncias, as empresas,
acordando com os seus trabalhadores, decidem trabalhar num dia feriado,
encontrando fórmula de proporcionar compensação. Ou trocando-o por outro dia a
determinar, ou sendo pago por fora, ou acrescentado ao programa de férias. Cá
na nossa zona, quase toda a actividade (industrial e comercial) trabalha a
Sexta Feira Santa (feriado obrigatório(?), para folgar na Segunda Feira de
Páscoa. E nenhum santo tem caído dos altares. E quantos, não sediados na sede
do concelho, trabalham no 20 de Janeiro, feriado das Fogaceiras?
Recordo uma
empresa onde prestei serviço que tinha em acampamento algumas centenas de
trabalhadores, com forte incidência de deslocados (homens que tinham residência
algures pelo país) que comiam na cantina da empresa e estavam alojados em
quartos ou camaratas da empresa. Qualquer feriado que caísse às terças, quartas
ou quintas NÃO era, naturalmente respeitado. Ficavam ali aquelas centenas de
homens a olhar para o dia de ontem, a comer, sem ter o que fazer, porque nem
sequer tinham meios para saírem para qualquer centro onde pudessem matar o
tempo com algum interesse? E tanto valia ser o 25 de Abril como o 1º. de Maio,
ou a Srª da Conceição. Esse feriado era, por acordo geral (qualquer desacordo
pontual era dirimido facilmente) transferido para a Segunda Feira seguinte – a
semana iniciava à Terça Feira - , ou entrava na programação das férias. Direi,
por graça, que sendo a instalação um tanto a norte, os trabalhadores locais (e
vários outros) não gostavam de trabalhar nos dias santificados (feriados
católicos) e muitos mais do sul e alguns mais, diria politizados, faziam cara
para trabalhar no 25 de Abril ou 1º. de Maio. Mas eram tão poucos no concerto
geral, que sempre tudo se resolveu. Eu trabalhei SEMPRE nesses feriados, não
por qualquer subserviência ou medo, mas porque achava que era mais justo para
todos.
E, não foi
preciso reivindicar qualquer lei. A sociedade gera normas e é capaz de as
respeitar. Sem engordar os fazedores profissionais de leis.
José Pinto da Silva