Deves ter-te
apercebido, cara Luísa, de que senti um baque sufocante no momento em que
recebi a notícia do teu passamento para o outro lado da vida. Uma confusão de
pensamentos me avassalaram a ideia e ocorreu-me aquele jargão que sempre se diz
quando se perde um elemento fulcral de não importa que organização; “os
cemitérios estão atulhados de insubstituíveis”. E, claro, foste substituída,
direi eu que bem substituída, mas fico persuadido, e o teu substituto pensará
comigo, de que ficaram, e ficarão mais uns tempos, alguns espaços por encher
totalmente. A tua dinâmica, o teu fervor pela instituição de que foste o ovo,
fazia-te respirar RESPIRA em todos os momentos e em todos os teus movimentos. E
algumas vezes me apercebi de que a tua dinâmica implicava um esforço físico
desmesurado. E, agora, não me é difícil imaginar esse esforço, porque o sinto,
em agravamento, lento, mas continuado, em mim e na minha andança.
Fica-me,
saudosa Luísa, o encanto de ter sido, contigo e mais alguns, elemento associado
fundador da RESPIRA e, agregado ao encanto, o desgosto de, pela separação
física de ti e do centro nevrálgico da Associação, não ter podido fazer
corresponder ao “cargo” para o qual me propuseste e para o qual fui eleito, com
o trabalho correspondente. Para te ajudar. Limitei-me a, por indicação tua, a,
com as minha limitações naturais a estar presente, cá na zona norte, num ou
noutro evento, em mera representação. Procurei, sempre, não decepcionar a
representada.
Ao debitar
estas linhas que quero consideres uma homenagem a ti, ser humano de eleição e
quero, nesta hora, curvar-me perante a tua memória. Fica bem. Fica no sossega
da tua paz.
José Pinto da Silva
NOTA: Nota escrita a quando da partida para ´éter da Dra. Luísa Soares Branco, presidente da Direcção da RESPIRA, Associação de Doentes de que fui dirigente e de que agora sou só Associado, texto destinado a ser inscrito no jornal O2, no número inteiramente dedicado à Luísa, que foi a Presidente. Sempre.