terça-feira, 10 de maio de 2016

COLÉGIOS PRIVADOS / FÁBRICAS DE AULAS COM DINHEIROS PÚBLICOS

COLÉGIOS PRIVADOS / FÁBRICAS DE AULAS COM DINHEIROS PÚBLICOS

A polémica instalou-se. O governo Passos /Portas, a poucos meses das eleições que eles se convenceram que perderiam, estabeleceu contratos de associação com uma data de colégios privados, a proporcionar condições de manutenção, em locais onde a Escola Pública tinha vagas para acomodar todas as candidaturas ao ensino. Isto, sim, faz adivinhar que houve deliberado interesse em roubar o Estado, faltando saber-se a troco de quê e em benefício dos bolsos de quem. Caberá aqui salientar que Passos Coelho, ao insinuar o que insinuou, referindo-se ao ministro da Educação, viu-se a frente do espelho e disse o que disse a pensar nele próprio.

A pretexto do travão posto pelo actual governo a este assalto ao dinheiro público, houve na sexta-feira, dia 6 de Maio, um debate na Assembleia da República, onde tive oportunidade de estar, não concretamente para ir ouvir o debate, mas para esperar por outro encontro. Nesse debate, para defender o ponto de vista do PSD ergueu a voz o deputado feirense Amadeu Albergaria. E foi pena, porque alem de ser fraquíssimo parlamentar, por falta de voz para oratória, por nesciência em relação à colocação da fraca voz e entoação absolutamente mal ordenada, (a D. Glória de Matos dá aulas de dicção) foi argumentar com dicas indefensíveis. Na altura, estava eu nas galerias, achei que só dizia tonterias, mas não consegui seguir tudo em pormenor. Ruídos colaterais de alunos de várias escolas.

Fui ler agora e destaquei três o quatro das "bocas" que debitou. Para mal do seu curriculum de figura, às vezes, publicitada o que debitou  deixa qualquer cristão estarrecido. Levar-me-ia a repetir o que uma vez disse em local público a um residente na Feira, que não era feirense, porque não defendia o concelho no seu todo e que, quando muito, seria feirante, porque, naquele caso, defendia só o centro, a sede. Albergaria, como não defende nem o concelho, nem sequer a sede, nem feirante é.

Disse ele então, extraído do "Terras" de hoje, 9 Maio: (1) "...comprometer a sobrevivência dos estabelecimentos de ensino privados ..." (2) "....colocar em causa milhares de postos de trabalho de professores e funcionários..." (3) "... frustrando-se as expectativas das famílias ..." (4) "...compromissos assumidos por três anos ...". Mostrou-se o Senhor Albergaria condoído com a sobrevivência de estabelecimentos de ensino privados, preferindo, ele, que ficassem em causa estabelecimentos de ensino públicos. Como está de frequências a Escola de Paços de Brandão e como estão as Escolas de Milheirós e de Arrifana? E quantas vagas há nas Escolas da Feira, e na de Lourosa e na de Fiães? Se todas essas falirem, não faz mal, Senhor Albergaria? Está preocupado por ficarem em causa postos de trabalho dos colégios privados, esquecendo que os professores e funcionários das Escolas Públicas são também seres viventes e cujos empregos merecem ser defendidos. As famílias pouco se frustram porque têm sempre alternativas públicas por perto e, faz rir a preocupação com compromissos assumidos por três anos. Compromissos assumidos de forma capciosa e, imagino eu, para fazer frete, por questão ideológica (e saiba-se se com interesses esconsos pelo meio) a inúmeras empresas que vendem aulas, como outras vendem rolhas, sempre com o lucro na mira.

Os colégios privados são negócio e devem vender serviço ao Estado, se o Estado dele precisar, mas terá sempre que inventar serviço de qualidade superior para vender a quem tiver dinheiro para o pagar e o queira comprar. Não será difícil adivinhar que o deputado Amadeu Albergaria terá matriculado os seus filhos em Colégios privados, na procura de melhor ensino e educação.

A EDUCAÇÃO E A SAÚDE DEVEM SER PÚBLICAS. Os privados só para serviços supletivos quando e onde o Estado não tenha podido instalar-se.

José Pinto da Silva


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