Foi passada
comunicação aos membros da Assembleia de Freguesia da União Caldas de S. Jorge
/ Pigeiros, segundo a qual estava definitivamente decidido que toda a
Biblioteca (excepto um conjunto de livros especiais) e toda a documentação
legada pelo Abade de Pigeiros e entregue à responsabilidade da Câmara da Feira
iria ser instalada no edifício da antiga sede da Junta de Freguesia de
Pigeiros. Não precisariam de o demonstrar, porque já se sabia, que estes
“decididores” (não merecem ser decisores) são prepotentes e encheram o bandulho
da arrogância do quero e mando. E que autoridade, competência, própria ou
delegada, para determinar o que quer que seja relacionada com um espólio que
tem documentos únicos no mundo? Só que parece que não poderão assim tanto. O
cortejo parece que não saiu ainda do adro, ou não saiu mesmo da igreja para o
adro.
Primeiro: Há
um parecer da ADRITEM, a subsidiária do PRODER que financiou o Centro Cívico e
donde saiu um IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas que
contratualizou com a Junta de Freguesia de Pigeiros (não da União, que não
existia ao tempo). Esse parecer esquece-se de dizer que o FIM PRIMEIRO da
elevação do edifício foi o de acomodar o espólio doado pelo Padre Domingos
Moreira. Outras utilizações seriam secundárias, face ao valor do espólio a
acomodar. E até diz que se destinaria a comunidades de freguesias vizinhas. Ver
melhor esta cedência. Têm que ser reformulados os pontos 3 e 4 do parecer,
porque secundarizam o uso primordial e sem o qual ninguém pensaria construir
aquele edifício.
O parecer
colhe informação de que “seria impossível acomodar nesta biblioteca todo o
espólio doado, nem que utilizada exclusivamente para o efeito e com obras de
ampliação. E, na informação é dito ainda que o espaço não reúne as condições
essenciais de luz e de ausência de humidade essenciais para a conservação de
documentos”. Confirma-se que houve incompetência de projecto e que houve
incumprimento na execução e houve desleixo no acompanhamento da obra e, MESMO
ASSIM, houve financiamento de uma obra que tinha tais defeitos O ADRITEM
financia suportado só em papéis, sem ir ver onde despeja o dinheiro? E o
parecer, ao falar em humidade, não referiu que o nível freático é que provoca
as maiores humidades, deficiência que não deveria ter ocorrido e que, não
importa para que uso, tem que ser drenado.
Diz ainda este
parecer que, estribado num parecer da Biblioteca, o edifício da antiga Junta
apresenta excelentes condições para o fim destinado ao material doado pelo
Senhor Padre.
Num edifício
com 2,40 m de pé direito? Num edifício de parede singela? Num edifício de
caixilharia simples de vidraça singela? Num edifício coberto com fibrocimento –
e a sua dose de amianto? Num edifício semeado de salas e saletas? Está pensado
erguer-se o pé direito? Fazerem-se duplas paredes? Aplicar-se caixilharia dupla
toda nova? Instalar isolamento térmico e acústico? Enfim, fazer tudo de novo?
Ouvi que era uma sugestão / exigência dos familiares do doador e fiéis
depositários do acervo.
O parecer
emanado da Biblioteca Pública de Santa Maria da Feira, depois de transcrever o
Testamento, enfatiza o valor da documentação doada e, referindo-se à área do
Centro Cívico Feliciano Pereira, reporta só a da sala principal, olvidando duas
outras salas lá existentes e ocupadas indevidamente e, crê-se, em situação
precária. A área dessas duas salas (transformáveis numa só) terá uma área
aproximada da anterior. É claro que aquele espaço terá sido riscado por quem
nunca entrou numa biblioteca, nem imagina a finalidade daquele espólio.
Aceita,
depois, a acomodação do acervo no edifício da antiga Junta de Pigeiros, refere
a sua área utilizável, mas nada diz quanto ao pé direito, quanto às paredes
exteriores que são singelas, parece aceitar a caixilharia simples que, agora,
qualquer tugúrio rejeita, ignora a cobertura e admite a colocação de novo
pavimento, esquecendo que as casas de banho terão que ter acesso a utilizadores
de mobilidade condicionada. E achará que uma biblioteca pública pode ficar com
um pé direito de uma habitação qualquer? Parece que houve um olhar demasiado
aquiescente para um espaço que há-de acolher espólio tão valioso.
José Pinto da Silva