quarta-feira, 29 de junho de 2016

ADVISORY BOARD

O “palavrão” do título mais não significará, na situação concreta, do que um encontro de meia dúzia de doentes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) com dois especialistas em Pneumologia e dois Técnicos da Farmacêutica GSK que produz e dispensa, entre muitos outros fármacos, amenizadores da doença e proporcionadores de melhor qualidade de vida aos apanhados pela maleita.
Era objectivo da Organizadora ouvir todos e cada um dos doentes, para saber, caso a caso, como foi detectada e diagnosticada a doença, qual a reacção imediata, se foi visto primeiro em cuidados primários (médico de família), ou se foi directo aos serviços hospitalares, se originou internamento ou se ficou por consulta ambulatória, se alguma vez pediu exame espirométrico, há quanto tempo sabe ser portador desse mal, se sabe verdadeiramente qual o grau da sua doença, qual a dificuldade que sente para fazer os movimentos normais da sua vida – caminhar, vestir-se, tomar banho, subir um ou dois lanços de escadas – se tem regularmente exacerbações (aumento dos sintomas da doença, crises…), se essas exacerbações têm provocado idas às urgências hospitalares, se provocaram internamentos, por quantos dias. Que medicamentos toma regularmente, quantas vezes por dia, a que horas e como controla periodicamente a evolução da doença.
Os especialistas em Pneumologia presentes iam comentando as declarações de cada caso exposto e sempre sugerindo que fosse pedido, no médico de família, o exame de diagnóstico ou de controlo da doença. Só que, foi dito, os Centros de Saúde e mesmo muitos hospitais, quiçá a maioria deles, não possuem o espirómetro e muito menos o equipamento para a Funcional Respiratória. O médico de família terá que requisitar o exame a hospital central, sendo demorado e tendo o custo da deslocação para o doente.
Sendo que a maior causa da DPOC é o fumo de tabaco, o tema não podia deixar de ser abordado num debate sobre tal doença e cada um historiou a sua vida de fumador. Quando começou e com que idade deixou; quanto tempo fumou e quantos cigarros fumava por dia. Que método usou para conseguir deixar de fumar. Para uns terá sido um inferno, com consultas e uma parafernália de medicações, com tentativas falhadas e depois repetidas. Para outros terá sido só a decisão firme de não mais chegar um cigarro à boca a partir do exacto momento da decisão. Não aquela de, no dia tal, do mês tal vou deixar de fumar.
Pelo que me toca e tendo a doença num grau bastante agravado, sinto naturalmente dificuldade, que aumenta progressivamente, caso não haja outra razão, pelo aumento da idade. Não deixo de tomar os bronco-dilatadores prescritos e lá vou fazendo algum treino respiratório, para manter alguma qualidade de vida e não ser uma carga demasiado pesada para quem me rodeia. Deixei de fumar em 1983 e, mesmo lentamente, a doença lá vai fazendo o seu caminho.
A empresa organizadora desenvolve um profundo trabalho de investigação na procura de novas substâncias que melhorem os efeitos sobre a doença e proporcionem aos doentes alguma melhoria nos movimentos normais, desde a higiene pessoal, vestir e despir a roupa, subir alguns lanços de escada, etc. E, como tem havida clara evolução na qualidade das medicações, fica a esperança de, um dia não muito longe, se vir a descobrir algo que torne a doença parável e deixe mesmo de ser crónica. Fica, pelo menos, o sonho. Não posso deixar de referir que a minha presença foi a convite da RESPIRA, Associação de doentes de que sou associado e de cujos órgãos sociais cheguei a fazer parte.

José Pinto da Silva


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