Quero, antes de tudo e à guisa de declaração de interesses, dizer que estava totalmente fora de qualquer escolha e posterior convite ao cidadão
Joaquim de Almeida para encabeçar a lista de candidatura à Assembleia de
Freguesia da União Caldas / Pigeiros. Se alguém previamente me tivesse dito, ou
mesmo só insinuado, que tal convite iria ser feito, eu, logo aí, manifestaria a
minha total oposição ao convite, dizendo, além de outros argumentos, que não
ficariam dignificados o símbolo e a sigla do PS.
À reunião, tida lugar em Pigeiros, onde esteve o putativo
candidato e alguns elementos do PS e no decurso da qual foi formalizado o
convite e ali aceite formalmente, não pude estar presente, de contrário
manifestar-me-ia face to face contra tal engajamento da Secção do PS de que fui
fundador há 42 anos e o seu maior impulsionador durante quase sempre. Inclusive
a notificação para essa reunião, por SMS, dizia que o tema era, muito
genericamente, “Autárquicas”. Não poderia ir em qualquer circunstância, mas se
soubesse do âmago, mandaria um texto escrito a expor a minha posição.
Foi feito um muito mau serviço à Secção com a escolha e o
anúncio público do facto e, depois, a aceitação de uma fotografia batida com o
convidado, com a Coordenadora da Secção e com a candidato do PS à Presidência
da Câmara da Feira. Foi uma manifestação de ligeireza e de ausência de tarimba
e perspicácia política. Como terá dito Séneca: “Errare humanum est, perseverare
autem diabolicum” (Errar é humano, mas
perseverar no erro é diabólico. Disse também Confúcio que “O homem aprende com
os seus erros”.
Ao jeito de resposta ao anúncio da retirada do convite e do
apoio do PS, o “desconvidado” pediu ou mandou escrever um texto / comunicado
que não vai além de um chorrilho de ofensas às pessoas intervenientes, que não
a mim, claro, que a mim não ofende quemquer. Direi que o “desconvidado” não sabe, nem teria que, mas o autor
do comunicado sabe ou teria a obrigação de, que os Estatutos do PS dão à
Concelhia e ao seu Presidente o poder de avocar o processo eleitoral e de vetar
um candidato, ou todos da lista. E, pelos vistos, o Presidente da Concelhia, de
quem nunca fui muito próximo, andou bem mais avisado do que os “escolhedores”
do candidato e terá, de forma expedita, colhido informações que quem devia não
curou de colher. Dizem-me que tanto no aspecto político, quanto no que toca à
pessoalidade. Vetou, e fez muito bem. Uma decisão boa a anular uma outra,
anterior e má. E quanto má…!
Um cidadão de S. Jorge telefonou-me tão logo viu a notícia na
rede e perguntou se nós andávamos enlouquecidos ao que eu retorqui, de
imediato, que fui tão apanhado de surpresa quanto o ele. Atirou que, a
manter-se, promoveria uma lista independente alternativa, integrada, o mais
possível por eleitores socialistas, ao que respondi que, se conseguisse que o
partido não me sancionasse com suspensão, ou mesmo expulsão, ficaria disponível
para integrar essa lista. Faria exposição circunstanciada à Vice-Secretária
Geral a quem pediria autorização para o “desvio”.
Agora, tendo lavado, ou, pelo menos tentado, a cara e honra
da Secção quero dizer ao autor do texto / comunicado que os elementos do PS que
estiveram no processo não são nem “gente pouco séria”, nem “têm falta de ideias
próprias”, nem são “ventríloquos e marionetas”, nem “um grupo de garotos”, nem
tão pouco “um grupo de fantoches”. Só cometeram um erro que foi remediado a
tempo e, assim, os epítetos de “sem ideias”, “ventríloquo e marionete”, de “gente
pouco séria” (e quem o diz!), de “fantoche” são aqui e agora devolvidos à
procedência, porque é nessa procedência que assentam como uma luva.
Se o processo cavou a sepultura, ver-se-á. O PS já travou
muitas lutas eleitorais. Ganhou algumas vezes, perdeu outras, mas viveu e
praticou a democracia. Disse uma vez Mário Soares que só é derrotado quem deixa
de lutar. E, Senhor autor, havia um compromisso, mas NUNCA de honra. Lá se
devolve mais o cognome de covarde. Que lhe assentará bem. Talvez.
Já agora lembrar uma expressão que é capaz de definir a
ideologia do autor. “Já é altura do PS Caldas ser grande”. Faltou escrever “Outra
vez”. O autor é, gostaria de ser ou apanhou algum tique verbal, um clone do
Trumpismo.
José Pinto da Silva
Militante 2917