terça-feira, 24 de outubro de 2017

A MAIOR CHEIA NO RIO UIMA 1954
Passa hoje, 24 de Outubro, o 63º. aniversário da Grande cheia que alagou Caldas de S. Jorge, fez grandes estragos, sem causar danos pessoais, para além de grandes sustos e algumas aflições. E também em Fiães. Foram as povoações mais mencionadas na imprensa da época como tendo sido afectadas pelo impulso das águas, sendo que, em Fiães, a fúria se fez mais sentir no Rio ÀS AVESSAS, onde foram levados pela correnteza todos as pontes e moinhos existentes. Curiosamente, no que respeita à imprensa, um técnico(?) contratado pela Câmara da Feira, sem o dizer, mas para contestar a certeza histórica de que a cheia de 2001 foi uma ligeira enchente se comparada com a de 1954, só conseguiu topar uma pequena local no Correio da Feira, com uma nota de poucas linhas a uma coluna. Sem precisar de qualquer tecnicidade, colhi outra nota no Correio da Feira a 6 de Novembro e fui consultar os três diários do Porto à época.
Disse a Câmara num Relatório ignóbil para quem o encomendou e para quem o escreveu que a água só atingiu “os fundos” da casa do Lajeiro. É uma evidência que o autor da estupidez nunca conheceu a casa do Lajeiro e bem se poderia ter informado sobre a cheia. Ainda pode informar-se, porque ainda estão, felizmente, vivas duas ou três mancheias de pessoas que viveram aquele incidente na terra. A casa do Lajeiro é a que está representada na imagem e, se as pessoas retratadas estivessem naquele local no dia 24 de Outubro de 1954, pelas 8-9 e meia da manhã, teriam a água pela cinta.
Desafio quem fez o tal relatório a, utilizando todos os dispositivos técnicos agora disponíveis, fazer a galgação a partir da soleira da porta da cozinha do moinho da Ti Arminda do “Munho” para a soleira da entrada da barbearia (a primeira porta à direita), para me confirmar até que ponto do telhado terá chegado a água no Moinho do Zé Moleiro. Esse moinho ainda lá está e não subiu ou desceu o cume. E por referência ao moinho da Ti Arminda, está cá, por coincidência, uma pessoa que passou a maior parte da vida no estrangeiro e que, naquele dia de tromba de água, andou a carrear sacos de milho e de farinha desde o moinho (da Ti Arminda) para a casa de habitação. Foi ele que me disse (noutra altura em que cá esteve) que a água atingiu a padieira da porta da cozinha do moinho.
Se subsistirem ainda algumas dúvidas, perguntem ao “rapazito” que naquele dia ficou “preso”, agarrado ao pilarete do muro do parque das termas que, ao tempo ali existia. Ele ainda se arrepia do medo por que passou. E perguntem a quem levou a corda, atravessando o parque cheio a transvazar por cima do muro, ao “Chino” que, preso pela cinta, foi resgatar o miúdo, agora chamado de Sr. Elísio Mota. E tenham a coragem de rejeitar depoimentos encomendados a quem ainda não tinha nascido.
Reitero que, enquanto puder, não deixarei de assinalar este dia, até que a Câmara da Feira deixe de ter nos seus anais que a maior cheia conhecida do rio Uima foi a de 2001. Que não passou de uma ligeira enchente. Se comparada.

José Pinto da Silva
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